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R$ 8,00
Autor: Eça de Queirós


Sinopse

A cidade e as serras



Romance narrado em primeira pessoa pelo narrador-personagem José Fernandes. O autor faz uma crítica a ultra civilização e a nova Portugal, um local que pode se modernizar sem perder suas tradições e particularidades nacionais.

O livro se destaca por fazer parte de uma nova fase do autor, onde a crítica pesada à sociedade portuguesa é deixada de lado, como se ele fizesse as pazes com a sua pátria.

Resumo de A Cidade e as Serras

Livro A Cidade e as Serras Em “A Cidade e as Serras”, Eça de Queirós faz uma comparação entre a vida na cidade, mais precisamente Paris, cercada de modernidades, e a vida tranqüila no campo, mais precisamente na cidade serrana de Tormes, Portugal. O livro narra a história de Jacinto de Tormes, contada através de seu amigo José Fernandes. Fica claro na obra que José é um personagem secundário e a narrativa dele nunca se mistura com o personagem principal que é Jacinto.

José Fernandes começa a contar a história de Jacinto por seus antepassados. Seu avô, dom Galião, um grande proprietário de terras, um dia escorrega em uma casca de laranja e é socorrido pelo príncipe D. Miguel, irmão de D. Pedro, por quem se torna grande devotado. Quando D. Pedro assume o trono no Brasil destronando seu irmão, D. Galião não se conforma e decide se mudar para Paris levando consigo Grilo, que viria a se tornar criado de Jacinto.

D. Galião tem um filho, Cintinho, um garoto de saúde fraca e sempre tristonho. Dom Galião morre de indigestão e mesmo assim sua mulher e o filho Cintinho permanecem em Paris. Quando adulto, a situação de Cintinho não melhora e ele decide se casar com a filha de um desembargador e depois se tratar no campo. Sem tempo, ele morre três meses antes de nascer Jacinto. Este, foi criado em Paris e é um menino alegre, inteligente e saudável. Na faculdade, seu amigo José Fernandes o dá o apelido de “Príncipe da Grã-Ventura”, por ele sempre conseguir o que quer.

José Fernandes é chamado por seu tio para ir para Guiães onde fica sete anos. Ao retornar ele encontra o amigo Jacinto no 202 dos Campos Elíseos. Ali o amigo continua um positivista que acredita que “o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado”. Jacinto está cercado de aparelhos modernos, como telégrafo, telefone, elevadores e tudo que for possível imaginar na época. José Fernandes começa a observar que o amigo, apesar de estar cercado de aparelhos, parece infeliz. Chega a conversar com Grilo que diz que o patrão sofre de “fartura”.

Certo dia Jacinto é informado que os túmulos de seus antepassados haviam sido arrastados devido a um deslizamento, na cidade de Tormes, Portugal, e decide ir até lá para resolver a situação. Já em sua chegada descobre que suas malas foram perdidas. Depois se depara com uma cidade simples e repleta de pobreza. Com uma realidade diferente da sua, ele começa a ajudar as pessoas da cidade, levando a modernidade até eles com aparelhos, como o telefone. Por fim se casa com Joaninha, prima de José Fernandes, com quem tem filhos e passa a morar em Tormes.



Alves e Cia


Alves & Cia. é a firma da qual são sócios Machado e Alves e o título deste "pequeno romance" fala sobre o adultério e suas conseqüências. Quando no dia do aniversário de Ludovina, esposa de Godofredo (Alves), este a surpreende abraçada com Machado, aí começa a história. Alves perturbado com a surpresa, se retira e Machado foge da sala. Alves expulsa Lulu para a casa do pai (que recebe a notícia feliz com a pensão que receberá junto) e decide que ele e Machado tirarão na sorte quem se suicidaria. Posto que Machado e as testemunhas achem isto ridículo, vai-se decidindo por um duelo de pistolas, logo por outro duelo de espadas (porque "não foi tão sério"), e por fim por duelo nenhum. Ludovina viaja com o pai e volta mais tarde. Machado volta a trabalhar num clima seco e frio onde antes houveram dois grandes amigos.
Já nessa época Alves quer a reconciliação. O tempo vai passando, Alves se reconcilia com Ludovina. Sua amizade com Machado renasce; a firma prospera, Machado casa, enviuva, casa novamente, etc. Ao final de 30 anos, os três são felizes e ainda muito unidos, mas nunca esquecem o episódio lamentável em que se envolveram.
O romance tem como cenário a Lisboa nos fins do século XIX e seu imaginário social. O texto propõe o que já foi chamado de sociologia do adultério um dos temas recorrentes em Eça de Queiroz. Traz a visão de que o ócio degenerava a virtude da sociedade como um todo e, sendo assim, a mulher que tem muitas ocupações é mais fiel. Godofredo Alves, o protagonista, que vem de uma classe mais pobre e cresce com o comércio, vive um dilema: seus amigos, de dinheiro “fácil”, tem idéias de fidelidade diferentes da sua. E o que é, na verdade, essa idéia posta de fidelidade? O episódio que gera a questão vem logo no início da narrativa, quando Alves chega em sua casa e encontra sua esposa nos braços do sócio. Este mais jovem e com mais dinheiro. Godofredo se desespera, expulsa a mulher de sua casa e trama se vingar matando o sócio. Como fazer? Busca o auxílio de amigos próximos e entre discussões e desilusões repensa seus valores morais. O texto retrata o cotidiano do século XIX em Portugal e a mudança de costumes solidificados, representados por Godofredo Alves, como a própria fidelidade matrimonial, o duelo para justificar a honra, a mesada para a esposa traidora, as “aparências” que deveriam ser mantidas, frente a visão dos demais personagens: o sogro que preocupasse com a mesada da filha, seus amigos que lhe dão uma aula de experiências amorosas, os empregados que fazem vistas grossas aos acontecimentos. Depois de persuadido, Godofredo resolve retornar à mulher e aceita o sócio novamente. E fica o dito pelo não dito e viveram felizes, etc. A questão central de “Alves e Cia.” é a adequação do homem ao meio, a pressão da sociedade que o obriga a tomar posições frente aos acontecimentos em seu dia a dia; a degeneração da moral cristã que só existe como um véu encobrindo a realidade e o tempo – a velocidade das transformações sociais que atropela um conjunto de valores solidificados – que apaga todas as feridas. Tudo estava bem na vida do Alves. Até que um dia ele chegou em casa e teve a terrível visão em sua sala de estar: sua mulher, no sofá amarelo, em postura inconveniente, trocando afagos com um outro homem. Negócios, tranqüilidade, o doce lar, tudo veio abaixo de uma só vez, como num pesadelo terrível. Desesperado, Alves vê sua vida ruir e, indignado, anseia por vingança. Afinal, perde-se a mulher, mas não se perde a honra. O que é realmente importante para a vida social de um homem nesse conjunto que é o século XIX e, em determinadas classes sociais, para o homem de hoje? Tais questões permeiam todo o texto. Podemos perceber que o naturalismo – característico dos textos anteriores de Eça de Queiroz – já começa a dar espaço a um sarcasmo diluído na narrativa (que não invalida o naturalismo) que funciona como uma “saturação”, aparecendo em cada detalhe descrito do cotidiano português. A critica é tomada à sociedade burguesa. É o caso da construção de uma espécie de “anticiúmes’. Godofredo Alves é o estereótipo da prudência mercantil e da burguesia constituída em sólidas bases. Sua reconciliação com a mulher e com o sócio determina a prevalência dos negócios: a firma, as aparências, a conveniência social, etc. sobre as relações amorosas: “As paixões fortes pertencem aos livros”. As pressões de seus amigos e dos demais membros de sua convivência/conveniência social o persuadem a esquecer o "acidental" adultério, reduzindo-o a um acidente pouco significativo. O que sobrevive é, realmente, a necessidade de sobrevivência em uma sociedade capitalista.